A epidemia do coronavírus, que já chegou fortemente ao Brasil, não impediu que o Ministério da Cidadania tirasse famílias carentes do programa Bolsa Família. Ao menos 158 mil benefícios foram cortados no mês de março. No Nordeste, região que historicamente concentra mais miséria, pobreza e vulnerabilidade social, 96.861 famílias (61,1%), estão sem o auxílio. Apesar das condições atuais exigirem ações rápidas no sentindo de aumentar a renda das famílias mais pobres, o governo federal anunciou que mais de 330 mil famílias foram “emancipadas” do programa por apresentarem melhora de condições financeiras. Essa é uma medida que vai em sentido contrário à necessidade de ampliação da proteção social aos mais vulneráveis e com menos condições de autoproteger-se diante de um estado de calamidade de grandes proporções. É um verdadeiro contrassenso! Neste momento de diminuição da atividade econômica, aumento do desemprego e queda de renda da população, a presença do poder público se faz mais importante. Ao invés de cortes nos benefícios, deveria atender a demanda legal de 2,4 milhões de famílias na extrema pobreza, que têm direito e não estão incluídas no Bolsa Família.

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